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sexta-feira, 28 de abril de 2017

O HISTORIADOR CATÓLICO PAUL JOHNSON E A INQUISIÇÃO PROTESTANTE

Inquisição protestante








Algum tempo após termos traduzido um texto sobre a “Inquisição Protestante” escrito por Dave Armstrong, o qual cita dezenas de historiadores protestantes, católicos e ateus para explicar a inquisição que ocorreu entre os “reformadores” protestantes, apareceu-nos alguns protestantes com uma citação do historiador católico Paul Johnson (A obra completa pode ser encontrada aqui) que, segundo eles, dizia que “nunca existiu uma inquisição protestante”, e isso seria a prova que estamos mentindo. 
Para deixar claro, é óbvio que não tratamos aqui como “Inquisição protestante” algo que ocorreu como a Inquisição Católica, porque os princípios eram diferentes, o termo “Inquisição protestante” é utilizado para representar o mecanismo de repressão religiosa utilizado pelos principais “reformadores” e principalmente nos países calvinistas que é análogo a Inquisição Católica.  
A citação de Paul Johnson  que fazem uso é a seguinte:
Os Estados protestantes tendem a ser os principais beneficiários desta série internacional de movimentos religiosos. Eles poderiam ter uma religião oficial, mas tendem a ser mais tolerantes. Raramente empreendiam perseguição sistemática. Não havia neles o equivalente a inquisição. Eles não eram clericalistas. Permitiam que os livros circulassem com mais liberdade. Não abusavam o comercio com o direito canônico. Eles aceitaram a religião "privada" e colocaram o casamento e a família, no meio da mesma. Portanto, melhor se harmonizavam em uma comunidade capitalista. Em última análise, as sociedades protestantes apareceram para alcançar muito mais sucesso do que a católica, na medida que se desenvolvia o sistema capitalista. Esta questão já foi observado em 1804 por Charles de Viller em seu Charles de Viller en su Essai sur l'esprit et l'influence de la réformation de Luther.” (Paul Johnson, A History of Christianity, pg 282-283).
Este malabarismo interpretativo, é característico de quem cita livros que nunca leu, e quer apenas arrumar um argumento qualquer, neste caso de um autor católico, e fazer dele um tipo de “trunfo” para refutar tudo que se diga em contrário.

Em nenhum lugar das duas linhas que se referem a inquisição “Raramente empreendiam perseguição sistemática. Não havia neles o equivalente a inquisição” Paul Johnson afirma “nunca existiu inquisição protestante”. É fácil de interpretar a frase de Paul Johnson para quem conhece suas obras, mas quem não conhece faz livre interpretação de uma citação isolada, para tentar refutar provas e evidências tão claras já dadas por outros autores que são protestantes.
Paul Johnson não diz “nunca existiu inquisição protestante”, o que ele fala é que os estados protestantes “Raramente empreendiam perseguição sistemática.”, isso é que “os estados protestantes” - isto é em relação a épocas mais tardias - e não “os reformadores”, “raramente” isto é “poucas vezes”, [ou “muito poucas”] empreendiam uma “perseguição sistemática”, ou seja, havia perseguição que raramente era “sistemática”, que significa que não havia algo “organizado” para fazer tal coisa. Os estados protestantes não estavam debaixo de um sistema de lei universal, que pretendesse preservar uma doutrina universal, cada estado protestante tinha seu ramo especifico, a Inglaterra tinham os anglicanos e episcopais, a Suíça tinha o calvinismo, e mais ao norte da Europa o Luteranismo, logo, é óbvio que não há como equivaler as perseguições protestantes à Inquisição Católica, simplesmente porque a Inquisição Católica era regida por um poder central de regras, embora ela fosse dispersa pela Europa, o que jamais poderia ocorrer em países protestantes, já que cada um tinha seu próprio sistema.
Na segunda parte da frase, Johnson diz que não havia entre os estados protestantes algo que fosse o mesmo da Inquisição, e isso é óbvio, porque os estados protestantes não tinham tribunais organizados, com regras, métodos e etc para julgamentos de hereges – como na Espanha, por exemplo - regidos por regras universais, na maioria das vezes os hereges eram simplesmente exilados, torturados, e mortos, sem qualquer julgamento. Não só hereges como também inimigos. Não havia um órgão protestante de repreensão a heresia, embora isso tenha existido no calvinismo como mostraremos a seguir. A repreensão de hereges era caso a caso, quando não estavam combatendo grupos específicos, diferente da vigilância católica a hereges. Abaixo provaremos esses pontos no mesmo livro que protestantes citam sem ler.

Paul Johnson sobre a caça as bruxas pelos “reformadores”:
Além disso, ambos católicos e reformadores tenderam a caçar bruxas, como eles caçavam anabatistas, para demonstrar sua pureza doutrinária e fervor. Com a exceção de Zwinglio, os reformadores alemães aceitaram a mitologia de bruxaria. Lutero pensou que as bruxas deveriam ser queimadas por fazer um pacto com o diabo, mesmo que não prejudicasse ninguém, e ele participou da queima de quatro delas em Wittenburg. Os protestantes invocavam Êxodo 22,18: “Tu não deve deixar uma bruxa viva”. Como Calvino disse: “A Bíblia nos ensina que existem bruxas e que devem ser mortas... esta lei de Deus é uma lei universal”. Os calvinistas, na verdade, eram muito mais ferozes contra as bruxas do que os luteranos. Em seu conjunto, os protestantes anglicanos não estavam interessados na caça de bruxas, e durante todo o período de 1542 a 1700 menos de 1.000 foram executadas (por enforcamento) na Inglaterra, contra 4.400 na Escócia calvinista durante noventa anos a partir de 1590. O pior ano na Inglaterra foi 1645, quando os presbiterianos calvinistas estavam no poder. Onde os ingleses calvinistas podiam, eles propagavam a caça às bruxas. O Bispo Jewel, que viveu no exílio em Genebra, trouxe esta prática consigo em seu retorno em 1559; e na década de 1590, o calvinista William Perkins falou sobre o assunto no Emmanuel College, Cambridge, uma instituição Puritana, onde alguns dos fundadores da Nova Inglaterra foram educados. Onde quer que o Calvinismo se tornasse forte, bruxas foram sistematicamente caçadas.” (Paul Johnson – A History of Christianity Pg. 416)

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Paul Johnson (direita) em 15 de Dezembro de 2006
Paul Johnson sobre os tribunais calvinistas e as execuções de hereges e inimigos de Calvino em Genebra:
Para manter os eleitos puros, e para detectar e excomungar os predestinados a serem condenados, a sociedade calvinista exigiu um processo de policiamentoOs conselhos eleitos de cada cidade nomeavam anciãos, oficiais disciplinares que trabalharam em estreita colaboração com os pastores; seu dever era fazer cumprir o código moral, “cuidar da vida de todos e... reportar tudo a companhia que será incumbida de aplicar a correção fraterna.” Eles se reuniam com os pastores em consistórios e suas excomunhões eram passados aos magistrados para a aplicação da lei. Calvino não foi capaz de impor sua teocracia em Genebra, de forma "perfeita", uma vez que os cidadãos principais insistiam que um magistrado presidisse aos consistórios, e, pelo menos em teoria, os pastores eram proibidos de exercer qualquer jurisdição civil. Por Outro Lado, Ele Conseguiu Fazer Com Que Os Seus Adversários, fossem descartados Como “Os Libertinos”, Expulsos E Em Alguns Casos Torturados E Executados; e o sistema, como ele trabalhou, talvez aproximou-se mais a ideia de uma sociedade cristã total do que qualquer coisa que o catolicismo tinha sido capaz de pensar.” (Paul Johnson – A History of Christianity Pg. 387)

Paul Johnson sobre o método de agir de Calvino
Calvino, pelo contrário, Nunca afirmou que as consciências deveriam ser livres. Como poderia a sociedade aperfeiçoada dos eleitos tolerar nela aqueles que desafiam suas regras? A resposta óbvia para os críticos era expulsá-los da cidade, seguindo de excomunhão. Se eles tentassem protestar, eram executados. Mas a execução, Calvino pensava, era útil para inspirar terror e trazer assim a obediência. Um dos seus métodos favoritos de triunfar sobre um inimigo era fazer queimar seus livros por suas próprias mãos publicamente - Valentin Gentilis salvou sua vida ao submeter-se a essa indignidade. Ele era particularmente severo com qualquer um que se rebelasse contra a sua própria regra, ou quem o usasse o Novo Aprendizado para desafiar a doutrina da Trindade.” (Paul Johnson – A History of Christianity Pg. 388)

Paul Johnson sobre a morte de Servet sob Calvino
A Inquisição Católica em Lion foi alertada disso por Guillaime de Trie, um calvinista e amigo de Calvino, que apontou que MSV representava Miguel Servet Villanovanus, e forneceu documentos, incluindo cartas de Servet para Calvino, para provar a sua culpa. Parece que Calvino estava de acordo com este plano de ter Servet queimado pela Inquisição. No evento, ele escapou da Inquisição, mas fugiu para, de todos os lugares, Genebra, onde ele foi prontamente reconhecidos na Igreja e entregue ao consistório de Calvino. Ele foi condenado à morte nos termos do Código Justiniano, que ainda estava em uso mesmo em cidades protestantes, como base para a perseguição de hereges. Contra o conselho de Calvino, ele foi queimado - Calvino queria uma execução simples. Este assassinato judicial de um ilustre estudioso despertou protestos de alguns reformadores, especialmente na Itália.” (Paul Johnson – A History of Christianity Pg. 389)

Paul Johnson e as perseguições mútuas entre Luteranos e calvinistas:
Se ambos os luteranos e calvinistas (assim como católicos) perseguiram ativamente extremistas antinomianos, eles também se opuseram e se odiavam. Calvinistas pensavam que luteranos como não reformados, romanistas disfarçados com roupas divinas. Os luteranos nunca admitiram que o Calvinismo fosse uma religião “legal”. Eles classificaram calvinistas como anabatistas, e achavam sua negação da presença real de uma violação escandalosa da fé católica. Alguns luteranos, como Policarpo Leyser, achavam os erros calvinistas pior do que os Romanos. Luteranos não forneceram assistência militar para proteger o calvinismo de Roma e seus aliados - um fator que limitou os ganhos do Reforma. Todos os três partidos, os calvinistas, luteranos e católicos, acusaram os outros de ter dois pesos e duas medidas - Exigindo tolerância quando fraco, perseguindo quando forte.” (Paul Johnson – A History of Christianity Pg. 390)

Paul Johnson e o ódio de Lutero aos judeus como precursor do Holocausto

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Quando os judeus replicaram que o Talmud transmitia uma melhor compreensão da Bíblia do que ele próprio, e retribuiram o convite para se converter, Lutero os atacou primeiro por sua obstinação (1526), então em 1543 voltou-se contra eles em fúria. Seu panfleto Von den Juden und ihren Lügen (“Sobre os judeus e suas mentiras”), publicado em Wittenberg, pode ser chamado de o primeiro trabalho do anti-semitismo moderno, e um gigantesco passo a frente no caminho para o Holocausto. “Primeiro”, exclamou “ as sinagogas deles deve ser entregues ao fogo, e tudo o que resta deve ser enterrado na sujeira de modo que ninguém possa nunca ser capaz de ver uma pedra ou cinza delas” livros de orações judaicas deveriam ser destruídos e rabinos proibidos de pregar. Então o povo judeu deveria ser tratado, suas casas “esmagadas e destruídas” e seus enfermos colocados sob o mesmo teto ou em um estábulo como ciganos, para ensinar-lhes que eles não dominam nossa terra. Judeus deveriam ser banidos das ruas e mercados, os seus bens apreendidos e, em seguida, esses "vermes envenenados e venenosos" deveriam ser obrigados a trabalhos forçados para fazê-los ganhar o pão “com o suor de seus narizes”. Em última instância, deveriam ser simplesmente expulsos “Para todo sempre”. Em seu discurso inflamado contra os judeus, Lutero concentrou-se em seu papel como agiotas e insistiu que sua riqueza não lhes pertencia, uma vez que tinha sido “de modo avarento extorquida de nós”.” (Paul Johnson - History of Jews pg 262.)
Não é de se estranhar que o Holocausto, onde milhares de Judeus foram mortos, tenha acontecido no mesmo país que Lutero nasceu e propagou essas idéias. 
Outras citações de suas obras poderiam ser citadas aqui à exaustão, tais como as de sua obra sobre a História dos Judeus na qual ele relata a perseguição e ódio de Lutero a judeus, no entanto consideramos que as que aqui já estão, são suficientes para demonstrar o real significado das palavras de Johnson. 

FONTE - APOLOGISTAS CATÓLICOS

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