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domingo, 13 de maio de 2012

FILME "LUTERO" - 4. ARMADURA DO PAPA E HUMILDADE DE LUTERO - 4ª MENTIRA



Papa Julio cavalgando de armadura em Roma. O cândido Lutero de joelhos - A aparição do Papa Júlio de armadura em Roma serve para impressionar a grande maioria dos espectadores: Lutero, o humilde; Julio II, o guerreiro soberbo!

Embora a sociedade Quinhentista estivesse minada em suas estruturas morais pelo renascimento pagão, é falso que a Igreja não devotasse grandes esforços – e há muito tempo – para uma verdadeira reforma nos costumes.

É falso também que não tivesse preocupação com a salvação das almas, principalmente do povinho mais miúdo.



IV Concílio de Latrão – realizado em 1215 e citado falsamente no filme – evidencia que 300 anos antes de Lutero a reforma de costumes e a preocupação pastoral faziam parte da vida da Igreja: Cânon 9:

 “(…) Já que em muitas localidades dentro das cidades e dioceses há pessoas de diferentes línguas tendo uma só fé mas vários ritos e costumes, ordenamos estritamente que os bispos dessas cidades e dioceses devam prover homens apropriados que, de acordo com diferentes ritos e línguas, celebrem os ofícios divinos para eles, administrem os sacramentos da Igreja e os instruam pela palavra e pelo exemplo.”(http://www.intratext.com/IXT/ENG0431/__P9.HTM)

E o mesmo Concílio em relação à reforma de costumes: Cânon 14:

Para que a moral e a conduta geral dos clérigos possam melhorar faça-se que todos vivam casta e virtuosamente, particularmente aqueles investidos nas sagradas ordens, guardando contra todo vício do desejo, especialmente tendo-se em conta que a ira Divina desce do céu sobre os filhos da descrença, então que em vista do Deus Todo-Poderoso possam eles cumprir  suas obrigações com o coração puro e o corpo casto. (…) Os prelados que derem auxílio a tais iniqüidades, especialmente visando dinheiro e vantagens temporais, deve estar sujeito a tal punição (o afastamento perpétuo).” (http://www.intratext.com/IXT/ENG0431/__PE.HTM)

O filme propõe uma distinção paradoxal: todos os padres do século XVI seriam corruptos, menos Lutero.

Alguém um pouco mais atento perceberá o contraste, e se perguntará: mas Lutero também não era padre? Por que só ele não se corrompeu? Será mesmo que o clero era tão ruim assim como pintaram os luteranos?

É fato reconhecido (mesmo por protestantes) que Lutero exagerou a corrupção na Idade Média para lançar as pessoas contra a Igreja Católica (Grisar: 130-132).

E para piorar, Lutero lançou mão mesmo de lendas sem comprovação para atacar a Igreja:

“Lutero era inventivo na promoção de sua causa. Em sua avidez de lucrar o que parecesse servir aos seus fins, Lutero ao final de 1520 fez uso de uma notória fábula atribuída ao bispo Ulrich de Augsburg, publicando-a [a fábula] em Wittemberg com seu prefácio. Essa publicação pretendia ser uma efetiva arma contra o celibato dos padres e religiosos. Nessa carta o santo bispo é representado narrando como cerca de 3000 (de acordo com outros, 6000) cabeças de crianças foram descobertas num reservatório de água do convento de freiras de São Gregório em Roma. (…) (Jerome) Emser desafiou Lutero a publicar essa questionável carta, e ele respondeu que não confiava muito nela. (sic!) Todavia, graças a seu patrocínio, a fábula pôde continuar sua destruidora carreira e foi zelosamente explorada.” (Grisar: 177)

Lutero mesmo apelará a tal carta ainda em três ocasiões (registradas nos Propos de table) embora não pudesse provar sua autenticidade! (Grisar: 177; nota 64)
É curioso também notar que Emser, secretário do duque George da Saxônia, já havia acusado Lutero de uma vida dissoluta em sua época de estudante –“grande delinqüência de sua parte” – ao que Lutero não respondeu, e mesmo admitiu indiretamente. (Grisar: 30)
Jerome Dungersheim fez companhia a Emser, apontando os “maus hábitos” do jovem estudante, e atribuindo a esses comportamentos e à falta de oração o fato de Lutero rejeitar a possibilidade do monge observar seu voto de castidade. (Grisar: 30-31)
Se Lutero não era correto na juventude, muito menos o será posteriormente: quando ainda era vigário rural escreveu confessando seu relaxamento no cumprimento das obrigações morais:
É raro que eu tenha tempo para a recitação do Ofício Divino ou para celebrar Missa, e então, também, eu tenho minhas peculiares tentações da carne, do mundo, e do demônio” (Grisar: 62)
Evidentemente a tríplice concupiscência não pouparia o monge: sem rezar e sem comungar, como Lutero poderia esperar salvar-se?
A Bíblia – que Lutero dizia conhecer – manda insistentemente: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação.” (Mt, XXVI, 41)
Mesmo o condescendente Staupitz foi obrigado a fazer Lutero saber em 1522 que o monge rebelde estava indo longe demais, e que as atividades de Lutero estavam sendo “louvadas por aqueles que mantém casas de má-fama.” (Grisar: 178)

Lutero por essa época pregava a libertação das autoridades eclesiásticas e a quebra dos votos monásticos, que esvaziou muitos conventos. Daí a advertência de Staupitz, que via bem onde estava conduzindo o evangelho luterano…
Em Julho de 1521, portanto quando estava no castelo de Wartburg, Lutero escrevia a Melanchthon:
“Eis que, eu rezo muito pouco… Por uma semana inteira eu nem escrevi, nem rezei nem estudei, atormentado em parte pelas tentações da carne, parte por outro problema [constipação]. Reze por mim, pois na solidão estou afundando no pecado. (…) Eu queimo nas chamas de minha carne insubmissa; em resumo, eu deveria estar ardente no espírito, pelo contrário eu ardo na carne, no desejo, na preguiça, na desocupação e na indolência, (…) Eu sou severamente experimentado pelo pecado e pelas tentações. (…)” (Grisar: 199)Lutero dizia o mesmo a Staupitz dois anos antes. (Grisar: 199)
Vejam essa confissão, prezados leitores: Lutero ficava uma semana inteira sem rezar! E ainda por cima ficava ocioso, pois nem lia, nem estudava!
Entregue ao ócio, mãe de todos os vícios, e sem rezar, sem pedir a ajuda divina, certamente iria cair em tentação.
Lutero reclamava das tentações, porém, ao invés de rezar e fazer penitência, abandonava-se cada vez mais ao vício; não rezava nem vigiava.
E como os vícios gostam de fazer companhia um ao outro, pois o semelhante atrai semelhante, vemos como Lutero os possuía com largueza:
“À sua Catarina escrevia em 1540: vou comendo como um boêmio e bebendo como um alemão, louvado seja Deus!” (Franca, IRC: 186).
E em 1534 havia escrito:
“Ontem aqui bebi mal e depois fui obrigado a cantar; bebi mal e sinto-o muito. Como quisera haver bebido bem ao pensar que bom vinho e que boa cerveja tenho em casa, e mais uma bela mulher… Bem farias em mandar-me daí toda a adega bem provida do meu vinho e, o mais freqüentemente que puderes, um barril de tua cerveja.” (Franca, IRC: 186)
São confissões escandalosas na boca de um reformador evangélico.
Mas não para por aí. Mandava dizer de Wartburg (1541): “Aqui passo todo o dia no ócio e na embriaguez.”. Em Erfurt, por 1522, Melanchthon relata que Lutero não fez senão beber e gritar, como de costume.” (Franca, IRC: 186)
Em 1531 o rebelde reclama a Wenceslau Link:
“... a dor de cabeça, contraída em Coburgo por causa do vinho velho, ainda não foi debelada pela cerveja de Wittemberga” (Franca, IRC: 187)
Na mesma linha da decadência moral, Lutero encaixa então seu sistema teológico. Veja-se como ele aconselha o atribulado Jerome Weller em termos estarrecedores:
“Quando te vexar o diabo com estes pensamentos, palestra com os amigos, bebe mais largamente, joga, brinca ou ocupa-te em alguma coisa. De quando em quando se deve beber com mais abundância, jogar, divertir-se e mesmo fazer algum pecado em ódio e acinte ao diabo para não lhe darmos azo de perturbar a  consciência com ninharias… Quando te disser o diabo: não bebas, responde-lhe: por isso mesmo que me proíbes hei de beber e em nome de J.C. beberei mais copiosamente… Por que pensas que eu bebo, assim, com mais largueza, cavaqueio com mais liberdade e banqueteio-me com mais freqüência, senão para vexar e ridicularizar o demônio que me quer vexar e ridicularizar de mim?… Todo o decálogo se nos deve apagar dos olhos e da alma, a nós tão perseguidos e molestados pelo diabo.” (De Wette, IV, 213, apud Franca, IRC: 187)
Cristo havia mandado o jovem rico guardar os mandamentos.
Lutero mandou seu discípulo apagar os mandamentos dos olhos e da alma! Eis oreformador evangélico!
E como conseqüência do princípio luterano, o rebelde escreve ao então escrupuloso Melanchthon em 1521:
 Seja um pecador, e peca fortemente, mas creia ainda mais firmemente (Esto peccator et pecca fortiter, sed fortius fide)” (Grisar: 206)
Peca fortemente! Sabendo que Cristo o perdoará!
Ora, o pecado é uma ofensa a Deus. Como alguém pode pretender ofender outrem, contando antecipadamente com a bondade dessa pessoa em perdoá-la?
Como pode um verdadeiro reformador evangélico incitar alguém ao pecado, como fez Lutero? Se isso não é permitir toda violação da lei, então o que será?
Livre de todo freio moral, Lutero dará à história do protestantismo páginas inacreditáveis de baixezas, que eram resultado de sua constituição bruta e principalmente de sua doutrina péssima.
Grisar mostra que o uso de expressões rasteiras pelo reformador era uma constante, e uma verdadeira fixação:
“Suficiente lembrar aqui que a esfera das funções ventrais constitui o solo mais fértil de suas (de Lutero) amplificações e comparações. Os estudantes ao redor de sua mesa freqüentemente indicam termos impróprios em seus manuscritos por meio de sinais, como I e X, no lugar onde a pena hesita em expressar a palavra suja. (…) Caspar Schatzgeyer, um dos mais moderados entre os apologistas católicos (…):“Nunca”, ele diz, “em qualquer outra disputa literária tal conjunto de armas foi usado.” (Grisar: 484)
Por conta do desconhecimento do verdadeiro Lutero e de sua mitificação, tornou-se comum a rejeição aos textos dos Propos de table, por não parecerem dignas do Lutero mítico. Mas como vimos acima, e como veremos a seguir, Lutero era comumente vulgar e brutal, particularmente contra seus inimigos, mas mesmo nas conversas entre os seus.
É o que se vê, por exemplo, na disputa epistolar entre Lutero e Lemnius, seu antigo discípulo, não menos vulgar que o mestre: embora não possa ter muito crédito, por suas mentiras e frivolidades, bem como por sua baixeza, Lemchem é um exemplo de como o espírito evangélico dominava os pseudo-reformadores:
“Ele (Lemchem) compôs um poema revoltante no qual ele descreve Lutero acometido de disenteria (sic!). Lutero lhe devolve uma “xxxx-song” (!), na qual ele presta tributo a Lemnius em linguagem não menos vulgar que seu oponente. (Propos de table, n. 4032)” (Grisar: 502)
A propósito, o Salmo:
De maledicência, astúcia e dolo sua boca [do ímpio] está cheia; em sua língua só existem palavras injuriosas e ofensivas.”  (Salmo IX, 28)
Nessa linha de vulgaridade injustificada, o filme também não revela o modo como Lutero costumava se referir ao Papado:
“No fim daquele mês (fevereiro de 1545) apareceram duas estampas devidas à colaboração desses dois homens  de gênio (sic), Martim Lutero e Lucas Cranach: o papa-asno e o papa-porco, seguidas duma série de dez gravuras em madeira guarnecendo quadras de Lutero onde este fizera seu “testamento”. Grosseiras obscenidades: o demônio gerou o papa, as fúrias o alimentaram no seio; convidado para um concílio, ele apresenta à Cristandade pasmada, sua própria imundície. Uma das estampas mostra o papa com uma cabeça de burro, tocando a cornamusa para atrair os imbecis ao seu concilio (Trento). (…) Outra apresenta o pontífice a cavalo num porco do alto do qual abençoa um monte de imundícies fumegantes, para o qual o animal estende o focinho. Eis aqui os versos de Lutero gravadas no alto: Porco, deixa-te conduzir / Esporear sobre teus dois flancos / Um belo concílio será tua recompensa, / Este fino prato (o monte de imundícies) constituirá o acepipe.” (Brentano: 215)
Brentano refere-se à obra conjunta de Cranach – que aparece rapidamente no filme, junto ao eleitor Frederick – e Lutero: Contra o Papado de Roma fundado pelo demônio. As figuras de Cranach e os textos de Lutero são horripilantes. Nos furtamos de reproduzir tal baixeza, que pode ser conferida na fonte (Grisar: 546-547).
Os protestantes se esforçam por esconder essa obra imoral e delirante de Lutero, como se pode ver em Köstlin, que só cita duas imagens, as menos ofensivas (figuras abaixo) e que reproduzem a suposta tirania do Papa sobre os imperadores alemães. (Köstlin: 563):





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